Sou uma pessoa atenta, observadora. Atenta às coisas que vejo e ouço no cotidiano, porque delas surgem idéias para textos, de todos os tipos.
Hoje ao ir até rodoviária, aproveitei para comprar um cartão para recarga de celular, porque não voltaria a passar pela Banca de Jornais para poder efetuar esta tarefa. Até aí nada de mais, um dia comum, atividades comuns, de uma pessoa comum.
Mas o que tem de especial em uma compra de cartão de recarga? Nada, se a história terminasse aí.
Pedi para a moça do caixa um cartão de recarga de vinte e cinco reais, uma coca-cola lata, um sorvete. Para pagar tudo isto, dei trinta reais. Perguntei quanto ficou tudo, ela respondeu “Vinte e dois reais!”. Olhei na tela do computador, vi que ela havia colocado um cartão de dezessete reais, falei que estava errado, porque comprei um de vinte e cinco, mais o refrigerante e o sorvete. Ela olhou os valores na tela. Confirmou que realmente havia errado. Em seguida veio aquilo que me deixou boquiaberta! Para calcular a diferença entre 25 reais (valor do cartão comprado) e 17 reais (valor digitado na conta dela), um cálculo simples, “de cabeça”. Fiquei esperando ela me dizer a diferença... Aí visualizei as mãos dela, abaixo do balcão, fazendo a conta “usando os dedos”. Fez uma vez, disse o valor. Para confirmar o valor proferido, novamente fez a conta, colocou dezessete, em seguida foi contando nos dedos das mãos até chegar nos vinte e cinco! Em seguida, ela me falou novamente o valor que devia acertar com ela, agora com o valor do pagamento correto, como eu demorasse a responder, ela ainda perguntou “A senhora entendeu?”
Entendi!!! Mas não acreditava naquilo que vi, ouvi. Uma moça de uns vinte, vinte um anos, que provavelmente concluiu o ensino médio, por isto está ali, no caixa, trabalhando com dinheiro, o que antes era feito pelo proprietário do lugar, função de responsabilidade, não consiga fazer cálculos simples como este sem usar a calculadora, que não havia ali à mão para ela, nem foi acionada a do PC, portanto ela recorreu AOS DEDOS.
Este tipo de recurso de usar objetos concretos para efetuar cálculos, prática comum entre professores do 1º ao 5º ano, porque as crianças de seis a dez anos de idade, não conseguem abstrair, ou seja, realizar os cálculos mais simples, sejam de “mais ou de menos”, de “vezes ou de dividir” sem usar este recurso, porque o pensamento infantil nestas idades está na fase que denominamos de “pensamento concreto”.
Após esta fase, é necessário que o docente estimule o aluno a abrir mão dos palitinhos, do material dourado, dos dedinhos, dos feijões, etc.
Mas por que isto não aconteceu com esta moça? Não sei! Poderíamos levantar diversas hipóteses, talvez o hábito de usar a calculadora, abrindo mão do uso do próprio cérebro para abstrair, realizar operações; talvez tenha se acostumado a usar os dedos (usa até hoje!); talvez tenha sido daqueles alunos que “estão presentes em corpo” na sala de aula, mas pensando e falando de outros assuntos; talvez os mestres não tenham percebido isto, afinal com trinta e cinco, quarenta, quarenta e cinco alunos na sala... talvez, talvez...
Tive contato com professores que lecionam no Ciclo I, do 1º ao 5º ano, que utilizam dos materiais citados para ensinar a fazer cálculos. Haviam projetos nos quais os professores montavam em um canto da sala um “supermercado”, com caixas vazias de produtos (pasta de dentes, escova, leite, fósforo, etc...) em estantes, carteiras. Os alunos recebiam “dinheiro” de mentira, mas com valores iguais aos de verdade, realizavam compras. Os alunos tinham que comprar, vender, receber o dinheiro, dar o troco. Durante estas atividades o professor realizava as intervenções para ajudar a criança a ir calculando “de memória”, a iniciar este processo de abstração, vivenciando, na sala de aula, a Matemática do cotidiano, esta que usamos na feira, na loja, no supermercado. Onde ficaram estes projetos?
Agora a mocinha está aí, trabalhando, usando uma máquina tão avançada como o computador, mas sem este poderoso auxiliar, precisa usar seu cérebro, a máquina potente, que temos, capaz de armazenar, organizar, apagar informações, aprender inúmeras palavras, línguas; realizar a ABSTRAÇÃO!!!
Será que alguém, um colega de trabalho, um amigo, vai dizer à mocinha que não é mais necessário usar os dedos, que há outras formas de realizar estes cálculos M-E-N-T-A-L-M-E-N-T-E? Espero que sim!
Se quiser saber mais a respeito de abstração infantil, acesse o link abaixo:
http://www.pedagogiaaopedaletra.com/2010/11/24/a-construcao-de-conceitos-matematicos-por-alunos-da-educacao-infantil/
A Revista Nova Escola também tem:
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/pensamento-abstrato-adolescencia-desenvolvimento-juvenil-556079.shtml
Hoje ao ir até rodoviária, aproveitei para comprar um cartão para recarga de celular, porque não voltaria a passar pela Banca de Jornais para poder efetuar esta tarefa. Até aí nada de mais, um dia comum, atividades comuns, de uma pessoa comum.
Mas o que tem de especial em uma compra de cartão de recarga? Nada, se a história terminasse aí.
Pedi para a moça do caixa um cartão de recarga de vinte e cinco reais, uma coca-cola lata, um sorvete. Para pagar tudo isto, dei trinta reais. Perguntei quanto ficou tudo, ela respondeu “Vinte e dois reais!”. Olhei na tela do computador, vi que ela havia colocado um cartão de dezessete reais, falei que estava errado, porque comprei um de vinte e cinco, mais o refrigerante e o sorvete. Ela olhou os valores na tela. Confirmou que realmente havia errado. Em seguida veio aquilo que me deixou boquiaberta! Para calcular a diferença entre 25 reais (valor do cartão comprado) e 17 reais (valor digitado na conta dela), um cálculo simples, “de cabeça”. Fiquei esperando ela me dizer a diferença... Aí visualizei as mãos dela, abaixo do balcão, fazendo a conta “usando os dedos”. Fez uma vez, disse o valor. Para confirmar o valor proferido, novamente fez a conta, colocou dezessete, em seguida foi contando nos dedos das mãos até chegar nos vinte e cinco! Em seguida, ela me falou novamente o valor que devia acertar com ela, agora com o valor do pagamento correto, como eu demorasse a responder, ela ainda perguntou “A senhora entendeu?”
Entendi!!! Mas não acreditava naquilo que vi, ouvi. Uma moça de uns vinte, vinte um anos, que provavelmente concluiu o ensino médio, por isto está ali, no caixa, trabalhando com dinheiro, o que antes era feito pelo proprietário do lugar, função de responsabilidade, não consiga fazer cálculos simples como este sem usar a calculadora, que não havia ali à mão para ela, nem foi acionada a do PC, portanto ela recorreu AOS DEDOS.
Este tipo de recurso de usar objetos concretos para efetuar cálculos, prática comum entre professores do 1º ao 5º ano, porque as crianças de seis a dez anos de idade, não conseguem abstrair, ou seja, realizar os cálculos mais simples, sejam de “mais ou de menos”, de “vezes ou de dividir” sem usar este recurso, porque o pensamento infantil nestas idades está na fase que denominamos de “pensamento concreto”.
Após esta fase, é necessário que o docente estimule o aluno a abrir mão dos palitinhos, do material dourado, dos dedinhos, dos feijões, etc.
Mas por que isto não aconteceu com esta moça? Não sei! Poderíamos levantar diversas hipóteses, talvez o hábito de usar a calculadora, abrindo mão do uso do próprio cérebro para abstrair, realizar operações; talvez tenha se acostumado a usar os dedos (usa até hoje!); talvez tenha sido daqueles alunos que “estão presentes em corpo” na sala de aula, mas pensando e falando de outros assuntos; talvez os mestres não tenham percebido isto, afinal com trinta e cinco, quarenta, quarenta e cinco alunos na sala... talvez, talvez...
Tive contato com professores que lecionam no Ciclo I, do 1º ao 5º ano, que utilizam dos materiais citados para ensinar a fazer cálculos. Haviam projetos nos quais os professores montavam em um canto da sala um “supermercado”, com caixas vazias de produtos (pasta de dentes, escova, leite, fósforo, etc...) em estantes, carteiras. Os alunos recebiam “dinheiro” de mentira, mas com valores iguais aos de verdade, realizavam compras. Os alunos tinham que comprar, vender, receber o dinheiro, dar o troco. Durante estas atividades o professor realizava as intervenções para ajudar a criança a ir calculando “de memória”, a iniciar este processo de abstração, vivenciando, na sala de aula, a Matemática do cotidiano, esta que usamos na feira, na loja, no supermercado. Onde ficaram estes projetos?
Agora a mocinha está aí, trabalhando, usando uma máquina tão avançada como o computador, mas sem este poderoso auxiliar, precisa usar seu cérebro, a máquina potente, que temos, capaz de armazenar, organizar, apagar informações, aprender inúmeras palavras, línguas; realizar a ABSTRAÇÃO!!!
Será que alguém, um colega de trabalho, um amigo, vai dizer à mocinha que não é mais necessário usar os dedos, que há outras formas de realizar estes cálculos M-E-N-T-A-L-M-E-N-T-E? Espero que sim!
Se quiser saber mais a respeito de abstração infantil, acesse o link abaixo:
http://www.pedagogiaaopedaletra.com/2010/11/24/a-construcao-de-conceitos-matematicos-por-alunos-da-educacao-infantil/
A Revista Nova Escola também tem:
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/pensamento-abstrato-adolescencia-desenvolvimento-juvenil-556079.shtml
Comentários